PAULO DE TARSO ALVIM CARNEIRO
Namorou a ciência e a conquistou. Buscou-a e a encontrou. E a
dominou, com grande alegria na alma.
Foi um cientista modesto, pois a modéstia é o maior ornamento do saber.
Sábio cuja sabedoria não foi orgulhosa.
Escreveu e publicou tantos e tão interessantes trabalhos que, sobre
muitas nações, o seu nome voou nas asas da maior e da melhor fama.
(Alguns trabalhos escreveu-os junto com seu sobrinho, Ronaldo Carneiro
Alvim.
Foi Engenheiro Agrônomo, diplomado pela Escola Superior de Agricultura de
Viçosa, MG. Fez o curso de pós-graduação na Universidade de Cornell
Ithaca, New York, Estados Unidos, entre outubro de 1945 e dezembro de
1947. Nela conseguiu o título de PhD com especialização em Fisiologia
Vegetal, Agricultura Tropical e Ecologia. Sua tese de doutorado: Studies
on the mechanism of stomatal behavior.
De junho de 1941 a setembro de 1945, foi professor assistente de Botânica
e Fisiologia Vegetal da Escola Superior de Agricultura da Universidade
Rural do Estado do Minas Gerais em Viçosa. De janeiro de 1948 a dezembro
de 1950, foi professor titular das mesmas matérias na citada escola. De
janeiro de 1951 a junho de 1955, foi pesquisador e professor da Escola de
Pós-Graduação do Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas da
Organização dos Estados Americanos, em Turialba, Costa Rica. Ainda ocupou
o cargo de diretor técnico da Comissão Executiva do Plano da Lavoura
Cacaueira, tendo sido o principal responsável pela organização e
implantação dos departamentos técnicos dessa modelar instituição e, de
maneira especial, do Centro de Pesquisa do Cacau (CEPEC), considerado no
Brasil e no Exterior como um dos mais bem concebidos centros para estudos
agrônomos, em regios tropicais.
Na CEPEC realizou inúmeros trabalhos técnicos-científicos cujos
resultados já se fazem sentir no aumento da produção de cacau no Brasil,
que passou de uma média anual de 130.000 toneladas no triênio 1962/1965
para 250.000 no triênio 1973/1976.
Notáveis e importantíssimas, suas contribuições científicas no campo da
Fisiologia Vegetal e Agricultura Tropical:
Inventou um instrumento de grande utilidade para os botânicos,
fisiologistas e agrônomos, conhecido internacionalmente e citado em
livros de texto de fisiologia como "Parômetro de Alvim", utilizado para
avaliar o grau de deficiência de águal em plantas através da abertura dos
estômatos.
Inventou um tipo de dendrômetro simples e de grande utilidade não apenas
para medir o crescimento do diâmetro das árvores, mas também para
pesquisar os efeitos da falta ou do excesso de água sobre a fisiologia
das plantas.
Foi o primeior a demonstrar que diversas plantas tropicais necessitam de
um "choque" de desidratação-hidratação (seqüência de período seco para
período úmido) a fim de abrirem suas flores ou renovarem sua folhagem
(floxos de crescimento). Propôs o termo "hidroperiodismo" para se referir
ao fenômeno.
Foi o primeiro técnico a demonstrar experimentalmente que a causa da
formação dos "campos cerrados" - tipo de vegetação que ocupa 20% de todo
o território brasileiro - é a baixa fertilidade dos solos por
deficiências minerais, conforme explicou em seu trabalho: El suelo como
factor ecológico en el desarrollo de la vegetación en el centro-oeste del
Brasil.
Durante os últimos anos da década de 1970, conduziu, sob os auspícios do
Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico, uma série
de trabalhos sobre problemas ecológicos e agrícolas da Região Amazônica.
Seus conceitos sobre o potencial agrícola da Amazônia estão reunidos nas
publicações: Los tropicos bajos de la America Latina: recursos y ambiente
para el desarrollo agricola; Agricultura nos Trópicos Úmidos:
potencialidade e limitações; The balance between conservation and
utilization in the humid tropics with special reference to the Amazon
region of Brazil.
Publicou mais de duzentos trabalhos científicos, no Brasil e no exterior.
Entre eles, merecem destaque os relacionados com a atividade
fotossintética das células guardas, a energia solar e a produtividade
agrícola, a ecologia e a flora da região semi-árida do Nordeste do
Brasil, a periodicidade de crescimento das árvores em climas tropicais, a
ecofisiologia do cacau, fisiologia do café, processo simples para
conservar o poder germinativo do cacau, etc.
Seus principais trabalhos no campo da fisiologia vegetal e ecologia de
cultivos tropicais (cacau, café, borracha e outros) estão resumidos em
interessante livro publicado, em 1977, pela Academic Press, dos Estados
Unidos, de parceria com T. T. Kozlowsky: Ecophysiology of Tropical Crops.
Entre seus títulos honoríficos, encontram-se estes: Membro da Academia
Brasileira de Ciência; Primeiro presidente da Sociedade Latino Americana
de Fisiologia Vegetal; Presidente da Sociedade Botânica do Brasil; Membro
da Junta Diretiva do Centro Internacional de Agricultura Tropical; Membro
do Conselho Deliberativo da American Society of Plant Physiologists, dos
Estados Unidos; Presidente do Comitê Internacional da UNESCO para o
projeto sobre Efeito do aumento das atividades humanas nas Regiões Úmidas
(Projeto n. 1 do programa: O homem e a biosfera); Presidente do II
Simpósio Latino-Americano de Fisiologia Vegetal, realizado em Mendoza,
Argentina, no ano de 1967.
Pertenceu a diversas Sociedades Científicas. Entre elas as seguintes,
aqui mencionadas: Sociedade Botânica do Brasil (fundador e presidente);
Sociedade Latino-Americana de Fisiologia Vegetal (primeiro presidente, de
1972 a 1976); American Society of Plant Physiology (Membro do Conselho
Deliberativo); Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (Membro
do Conselho); Scandinavian Society of Horticultural Sciences;
International Society for Horticultural Science; American Association for
the Advance of Science; Associación Latino-Americana de Fitotécnica
(ALAF); Sociedade Honorária Sigma X; Sociedade Honorária Phi Kappa Phi.
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